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O mercado brasileiro de energia é extremamente atrativo para processos de fusões e aquisições. No segmento de geração, há oportunidades relevantes em hidrelétricas, térmicas e renováveis. Na transmissão também há bons negócios no horizonte, além da possibilidade de participação nos leilões anuais promovidos pela ANEEL.

O tamanho do mercado brasileiro de energia e também sua relevância estratégica para sociedade impulsionam a evolução do arcabouço regulatório, para permitir o desenvolvimento do mercado e melhorar sua eficiência alocativa, com efeitos positivos para sociedade. Todavia, não se deve desprezar a complexidade da regulação, dado que ela necessita equilibrar os diversos interesses e incorporar as novas tecnologias que surgem todos os dias.

Os consumidores de energia no ambiente livre (ACL) procuram constantemente por oportunidades de reduzir os seus custos com energia e, ao mesmo tempo, veem no setor elétrico uma oportunidade de diminuir sua pegada de carbono por meio de projetos renováveis. Uma solução disponível para os consumidores no mercado brasileiro é a de atender suas necessidades por meio de uma estrutura própria, de autoprodução.

A abertura do mercado para todo o Grupo A, as novas tecnologias de geração, o preço spot em base horária (PLD) e o empoderamento do consumidor estão mudando sensivelmente a forma como se comercializa energia – o que demanda,cada vez mais, análises robustas de inteligência de mercado, visando definir diversos elementos cruciais, entre eles o gerenciamento de portfólio.

Os próximos 10 anos do setor elétrico terão mais transformações do que nos últimos 50 anos. Esta é a visão da Envol, especialmente em termos de novas tecnologias e modelos de mercado. O empoderamento do consumidor veio para ficar, e as diferentes tecnologias aplicadas ao setor elétrico estão mudando radicalmente a dinâmica dos negócios.

Desde abril de 2012, com a Resolução Normativa ANEEL nº482/2012, o consumidor brasileiro pode optar por gerar a própria energia ou entrar em estruturas para tal, podendo até mesmo fornecer os seus excedentes para a rede de distribuição de sua localidade. Trata-se da Geração Distribuída (GD), conhecida regulatoriamente como Microgeração e Minigeração Distribuídas de Energia Elétrica (MMGD) e do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE).

O país ganhou destaque com os primeiros leilões de energia existente em 2004, e se consolidou como referência em novos projetos, especialmente renováveis, com os leilões de energia nova, fontes alternativas e energia de reserva. Mais recentemente, foram introduzidos os leilões de reserva de capacidade, com o objetivo de elevar a confiabilidade do sistema elétrico em um contexto de forte entrada de renováveis e crescimento do mercado livre. O segmento de transmissão também conta com leilões estruturados que visam atender ao crescimento da demanda das fontes renováveis.

O mercado brasileiro é o 7º em termos de consumo (570 TWh/ano) e o 2º em participação das fontes renováveis (85%) no total da geração. Da perspectiva de liberalização e escolha do consumidor, estamos caminhando para uma competição varejista, especialmente após a expansão do mercado livre (ACL) para o Grupo A. Isso significa um mercado livre endereçável de aproximadamente 50% da carga total.

A análise clássica por meio de modelagem financeira é essencial no setor elétrico. Contudo, as especificidades da regulação podem ser desafiadoras no processo de modelagem e adoção de premissas. Um pequeno desvio de entendimento ou uma premissa mais agressiva pode afetar severamente o fluxo de caixa e os retornos esperados.

O preço spot é fundamental em qualquer mercado de energia elétrica, e no Brasil ele ganha contornos especiais devido à composição do mix tecnológico de nosso parque de geração, com as usinas hidrelétricas ainda representando mais de 50% do total da capacidade instalada. O mercado de contratos possui forte correlação com o PLD no curto prazo e caminha para o custo de uma nova usina (CONE – Cost of New Entry) no médio e longo prazo, o que no Brasil é conhecido como Custo Marginal de Expansão (CME).

A energia elétrica é essencial para o desenvolvimento socioeconômico, logo as tarifas de energia elétrica estão sempre no centro do debate político e econômico nacional. As tarifas do mercado regulado afetam diretamente a inflação, como também a disposição dos consumidores de adotarem GD ou de migrarem ao ACL (consumidores do Grupo A). As tarifas de fio (transmissão e distribuição), também são essenciais na análise de viabilidade econômica de um projeto de geração.

Nos próximos anos, o setor elétrico passará por uma evolução tecnológica sem precedentes. Em um cenário de mudanças tão rápidas e profundas, é imperativo que as empresas invistam pesadamente em P&D para não se tornarem obsoletas. A regulação brasileira, neste sentido, é moderna, e exige que as distribuidoras aloquem 0,75% de sua Receita Operacional Líquida (ROL) em P&D, enquanto geradores e transmissoras devem alocar 1% da ROL.

A complexidade e abrangência do setor elétrico leva (infelizmente) a situações de disputas entre as partes. Embora nunca seja o desejável, há momentos que um procedimento arbitral ou uma disputa judicial se torna inevitável e demanda profundo conhecimento do setor para uma argumentação consistente.